sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Pensamentos Paralelos

Odeio a vida. Mas só hoje.

Algum dia eu escrevo um manifesto contra a felicidade. Ou melhor: contra a obrigatoriedade da felicidade. Ontem eu estava tão infeliz com a situação que eu resolvi algo novo: abracei a minha infelicidade. E isso me fez tão bem! E eu ainda fiz novos amigos e algumas pessoas que apenas me conheciam passaram a gostar de mim. Cara, eu preciso ficar infeliz mais vezes, falei. Acho que eu conheci um pouco do que é estar em pleno funcionamento. Rogers, estrelinha pra você. Mas eu ainda continuo dizendo que "O ser humano é bom por natureza" é o meu ovo. Algumas vezes eu invejo muitos estilos de escritas de pessoas que conheço. Elas dizem que o meu estilo é peculiar, blá blá blá, mas eu ainda as invejo. Mas agora eu já estou bem. Já tive a compreenção empática, já tive a aceitação incondicional positiva, já tive a congruência na relação, agora só falta me agarrar com alguém. Quer saber, cancei de pessoas que não estão nem tiuíu pra mim. Mas isso não significa que eu vá aceitar os pedidos de casamento que recebo. Talvez eu passe a perna em alguém, talvez eu venda 45% do meu fígado por 4000 doláres, talvez eu me jogue nessas boates da vida ou então eu alugue um filme de romance caixa-da-doença e assista com um pote de sorvete napolitano em mãos. Decidi que esse final de semana eu vou sair. Acha que eu vou deixar de sair pra estudar e tirar nota baixa? Queria publicar um livro. Mas só de saber que ele vai ler capitães de Areia eu me sinto melhor. Queria dizer que eu espero. Enquanto isso eu canto "Eu espeeeeee-eeeee-eeero" nas minhas primeiras notas, minha primeira música, meu primeiro amor. Em G D A: Minha primeira vida encarnada. Aí eu tenho que escrever. Amanhã será a parte vinte da história do Captain Rilke. Decerto, sua embarcação, apodrece, e se ele não chegar a tempo será culpa minha. Porque o capitão continua caminhando em frente e em frente, enquanto eu fiquei parado deixando os fatos se acumularem. Talvez a minha life seja um acumulado de histórias escritas e interminadas. Machado de Assis teria vergonha de mim, falei. Pelo menos eu levo Heidegger pra cama. Ele dá o maior caldo, diz o Google. E Lispector... ela me olha com aquele olhar de quem vê as folhas caíndo no chão em todo outono imperceptível como ele só, enquanto toma uma xícara de chá gelado. E eu não tenho como não amá-la.

Hoje eu odeio a vida, falei. E por isso, doa a quem doer, eu não vou agradecer ao cobrador do ônibus. Mas só hoje.

Um comentário:

Patrícia Pinheiro disse...

Sei como é. Sexta feira foi minha vez de odiar a vida e me senti produndamente infeliz.


;)