Ele sacou a sua arma. O que se passava dentro de si era um mistério até para si mesmo. Sabia apenas que não estava, de forma alguma, triste; da mesma forma que não estava alegre. O que ele havia encontrado ao subir a montanha foi nada mais do que - para ele - um covarde.
Covarde porquê? Havia dado essa denominação mas não encontrava um argumento convicente. Disse por instinto, porém, de forma alguma achava que dissera por equívoco. O que ele disse foi uma grande verdade. Talvez maior covardia no mundo seja essa de ignorar o que os outros dizem. Não que as pessoas tenham que sempre ouvir e acatar o que as outras falam. Ouvir sim, sempre que possível. Acatar... era uma outra história.
O seu orgulho de pirata o atacava. Porque aquilo que ele dizia era ignorado. Não completamente, mas só encontrava respostas, por assim dizer, aquilo que ele dizia e que era conveniente. O que não era conveniente, era descartado como se não tivesse sido dito. E ele encontrou então, talvez, a resposta para os seus instintos. Sim, o homem que fora ver era um covarde.
Rilke sacou a sua arma. Parou por um instante e então disparou. Matou três gaviões, assim, só por matar. (Dizem as histórias que ele matou esse gaviões com apenas uma bala).
E dalí do alto da montanha ele viu o mar. Uma vista deslumbrante e fenomenal. Era possível ver o mar até o ponto em que ele e o céu se tocavam. Era possível ver a sua imensidão, era possível ver como ele subia e descia. Era uma linda vista. Porém, era apenas uma vista. O capitão Rilke se lembrou do que era - embora nunca tenha se esquecido. Ele vivia no mar. Ele o percorria, o enfrentava, vivia nele e com ele, ao invés de apenas o observar.
Então ele se voltou para o lado onde os residentes da montanha estavam. E era apenas uma vista. A montanha era cheia de obstáculos e de barreiras. Diferente, muito diferente do mar, a imensidão sem barreiras. Ele observou os que viviam na montanha. Não soube se seria errado sentir pena deles. Resolveu que apenas iria descer a montanha e voltar para Decerto.
Mas agora ele tinha algo diferente a fazer. E olhou para a vela fechada. E pensou em fazer uma visita. Teve um pequeno receio - ninguém notou - e abriu a vela que o conduzia até o castelo, não importava que ventos fizessem.
Ele iria se encontrar novamente com ele. O princípe.
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