A vela não chegou a ser aberta, de forma que Decerto parou no mar, esperando pelo seu Destino. Espera era uma palavra importante para o Capitão Rilke, pois ela significava mais do que esperar.
Ele havia se comunidado com o membro da familia real, e dessa comunicação virtual ficou sabendo que não seria possível ser recebido. Teve, por um instante, vontade abrupta de invadir o castelo, ir mesmo sem ser chamado. Estava no seu sangue de pirata. Porém, decidiu mesmo que era bom parar e esperar. Espera.
Teve vontade de ir até a Ilha do Dragão Marinho, nomeada assim por causa de um político que se auto-entitulava Dragão marinho. Mas na verdade as pessoas não sabiam que era por causa de um político. Ninguém se importava direito. O importante eram os prazeres que o lugar oferecia - e Rilke estava precisando de uns prazeres ultimamente. Tinha decidido que iria se perder - só por um tempo, no vasto oceâno e que depois iria se encontrar.
Mas Dragões Marinhos existem de verdade. Rilke os enfrentava, algumas vezes sem armas ou sem saber o que fazer. Ainda assim, era teimoso em enfrentá-los e sempre saia vivo dessas batalhas. Porém...
Havia um Dragão Marinho que Rilke enfrentava ainda. O pior e mais cruel de todos. Dizem que ele sempre irá existir enquanto houverem corações humanos batendo forte e pulsando. E esse Dragão Marinho era um dos mais cruéis e mais dificeis de se enfrentar.
E Rilke estava sendo perseguido por esse Dragão marinho. Na verdade, já o havia derrotado uma vez, mas não foi suficiente para o Dragão Marinho. Por algum motivo ele ainda estava atrás do capitão Rilke, ainda estava atrás da Decerto. Talvez, muito talvez, seja por causa de uma escolha que Rilke fez na vida. Por isso, seu coração era por demais precioso. Talvez.
Escolhas. Eis porque o combate era árduo. Porque a grande vida é guiada pelos poderes dos nossos desejos e das nossas vontades. O medo é um grande desejo enquanto a coragem é uma grande vontade. O medo que nos impede de olhar nos olhos de um besta dos mares poderia ser abatido pela esperança. Seus olhos eram vermelhos. E era necessário olhar diretamente nos seus olhos para derrotá-lo. Aqueles que conseguem olhar nos seus olhos saem do combate mais fortes, mas os que não conseguem se perdem por toda a vida. Continuam a viver mortos. Eis porque era perigoso: matava sem tirar a vida.
O nome do Dragão Marinho era Luto.
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2 comentários:
Talvez esse dragão nem fosse tão forte assim... apenas ninguem tinha coragem de enfrenta-lo.
Rilke matou o luto.
medo.
Na verdade ele não morreu.
Ele não morre.
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