quinta-feira, 17 de julho de 2008

Parte Dois: Rilke

Aquele homem tinha um medo de fato: sua inimiga, a Alteridade.
Essa tal lhe atormentava desde que ele tomou consciência da sua existência - o fato é que os outros são os outros, e ele é ele. Você é você e eu sou eu. E havia uma infinita distânicia entre os dois. A distância dos heterogêneos. E ele nunca poderia saber de fato o que as outras pessoas pensam. Nunca realmente. Mas, se a Alteridade era o seu medo, a confiança era a sua coragem. E esse homem optava o caminho dificil, o da confiança.

Rilke usava um tapa-olho. Mas não para esconder um olho de vidro ou uma orbita vazia; o usava apenas porque era um pirata e lhe cabia usar um tapa-olho. O olho escolhido para ser coberto, também variava. Ora era o direito e ora era o esquerdo. E além de tapa-olho, esse pirata também possuia suas armas: seus sabres. E com esses sabres ele era capaz de travar as suas batalhas. Ele carregava vários consigo, e não se separava deles por pouca coisa. E mesmo quando os deixava de lado, ele ainda estava de alguma forma ligado a eles, ao passo que ninguém lhe poderia roubar os sabres e nunca iria ficar sem um à mão caso precisasse.

Neste momento o pirata estava para se decidir se subiria uma montanha rodeada de gaviões. Para quê? Só por hoje, queria estar lá. Quanto a amanhã e depois e depois ele não se importa de ter alguma opinião formada agora, alguma meta. E ele de forma alguma abandonaria Decerto. O mar era a sua vida, mas a Terra também lhe era estimada. E belo para ele era o encontro de dois mundos: aquele ponte onde o oceano e o continente se casaram, e nunca iriam se separar. Por isso, por hoje, ele queria subir a montanha e não correr o mar.

Muito longe, além de um oceano, existe um castelo. Um dia esse pirata se envolveu com um membro da familia real. Desse encontro morreu o antigo Rilke e nasceu um novo, que agora, mesmo distante milhas e milhas, ainda colhia os frutos da sua coragem. Por isso ele era uma pessoa drástica(?). Por isso ele queria a montanha - o grande oposto do mar - e mesmo que seus pés pesassem uma tonelada ele ainda iria escalá-la. Para quê? Tinha fome de vida. E tomava para si uma frase de outrem que o marcou: Prefiro viver a ser feliz. - não que felicidade não fizesse parte da vida, mas não era egoísta e não lhe recusava da vida os presentes, mesmo os tristes, apenos por algum pendimento. A vida é sevalgem. É espontânea. E ele era um pirata.

O seu destino é totalmente incerto. Não sei que rumo esse capitão tomará. Somos - os dois - um pouco inresponsáveis. Mas o que fazer? Somos pessoas sevalgens.

Que mais falta dizer sobre o pirata antes de ele começar sua luta contra a montanha? Lembrei de algo importante: Lembrei que ele não é um adulto, e nem ao menos uma criança. Ele prefere fazer pior, bem pior: é jovem.

Um comentário:

Branquinha disse...

É o verbo "clariciar" cunjugado com outras palavras, com outros sentimentos, com outras intensidades, mas com a mesma profundidade!