Quem era aquele nobre? Estava junto do capitão Rilke um jovem menino choroso e inseguro. Era um nobre realmente? Não havia como saber ao certo. Aquele jovem estava na deriva ao mar quando foi encontrado pelo capitão Rilke. Estava no mesmo mar em que o capitão navegava, porém estava a deriva. E tem mais, aquele jovem sem nome se dizia um monstro.
Gargalhadas! Um monstro?
- Um dia você vai descobrir o que pe realmente um monstro.
- E você por algum acaso já viu um monstro?
Ficou mudo.
- Uma vez, enfrentei um Dragão.
E lhe contou sobre o Dragão que enfrentara. E o jovem encontrado no mar pensou que Rilke tinha matado o Dragão.
- Esse Dragão não morre. Ele só morrerá quando não existir homem algum mais na terra ou no mar.
E quem mais havia encontrado na vida? Bem, estava para se encontrar com um conde.
- Um conde é mais do que um príncipe.
- E menos do que um rei.
- Com quem você falou? - perguntou o jovem, mas Rilke respondeu apenas com silêncio.
Condes vivem no luxo e tem influência. Andam com cavaleiros e com eles banqueteiam, mas a verdade é que precisam dos serviços dos bandidos. Um pirata é um bandido. Além disso, condes gostam de jogos, jogos de sedução e de controle.
Rilke acreditava na palavra do Conde? Não. Por que? Porque estava falando com um conde. Que mal o pobre coitado fez para merecer esta desconfiança? Possuir poder. Mas claro que não era só isso, era também esse jeito que havia de naturalmente apressar as coisas, de falar com segurança as palavras que todos gostam de ouvir. Era isso que fazia Rilke descrer no conde.
Amanhã, quando o sol estiver observando do alto o mundo, eles estarão cara-a-cara.
- Não é perigoso?
- Levo os meus sabres. Além disso, piratas que não são pagos pelos seus serviços possuem certos direitos que nem os honrados cavaleiros podem contestar.
Mas a verdade é que piratas não poderiam ter condes como companheiros. Talvez apenas piratas. Princípes e aristocratas nunca. Ele baixou a cabeça. Nunca mesmo? Era preferível morrer assim.
- Um dia, ou o Dragão me devora ou ele me torna mais forte.
- Como?
Silêncio.
O sol nasceu.
- Ontem eu me encontrei com um professor.
- Aprendeu algo?
- Que nem sempre as coisas são como nós as esperamos. E que isso não significa que elas tenham que ser melhores ou piores. Apenas diferentes.
Era um professor que deveria ter sido morto?
Enquanto rumava para o assassinato que não aconteceu, ele se lembrou do homem da montanha. Foi uma lembrança boa, mas que ele tinha que esquecer. Se sentiu então mal por ter se lembrado. Se sentiu, na verdade, um pouco covarde. Avistou o alvo e se esqueceu.
Mas a educação, a educação, a educação... não poderia matar alguém assim. E nem salvá-lo. Tem coisas que são assim no mundo. Não se mata nem se salva.
"Um dia haverá uma grande guerra em que todos seremos soldados. É o dia em que a comida estará esgotada, assim como a água. Nesse dia, o lixo tomará conta do mundo, não haverá lugar sem doença. Nesse dia, os homens serão seus próprios inimigos, e a natureza provará que nada pode contra ela. Nesse dia, homens caçarão homens para sobreviver."
E aquilo mais pareceu uma profecia do que fatos científicos. (Teria coragem o capitão de provar da carne humana?) (Hoje ele viu pessoas comprando e consumindo, produzindo lixo e pensou consigo como é fácil destruir o próprio futuro - ele próprio não destruia?)
- Você. Já pensou em ser um pirata?
- Um dia já fui sim. Hoje sou um monstro.
- Não acredito.
De fato, não conseguia de forma alguma acreditar.
Viu hoje também um barco com um semblante real. Sabia onde deveria estar daqui a quatro dias; descobriu por meio dos vícios em luxos e da lealdade conquistada de alguém.
-Monstros precisam ser derrotados. É engraçado dizer, mas eles nascem para morrer - como com os seres humanos.
- Eu costumava ser um pirata a algum tempo. Não tão nobre como você, mas mesmo assim um pirata.
- Honrado em receber a vaga. Aceitarei, mas antes lhe aviso: ainda não sou um pirata. Sou um marujo, almejando ser algum da sua tripulação. Que tal?
- Não há vagas na Decerto para marujos. O levarei para a ilha dos corações, onde os piratas recebem suas embarcações e conhecem os nomes dos seus sabres.
E o conde? E o navio? E a batalha de quatro dias? E o destino do professor aristocrata?
O Dragão marinho espreitava Decerto, mas não podia se aproximar. A ordem para se aproximar era uma lágrima. Lágrimas são portas abertas para os combates, e combates são portas abertas para o futuro.
- Digo isso porque cabe a todo pirata ser capitão da própria embarcação.
Quando o sol nascer, haverá um sabre, uma porta e um conde esperando.
O destino é escrito. Sempre. Quando o sol nascer.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
sexta-feira, 25 de julho de 2008
História Paralela: Linguagem
Estão duas pessoa em uma acampamento, discutindo.
- Sabe que coisa engraçada eu pensei agora?
- O quê?
- Como nós, em nenhum instante, tivemos algum desentendimento.
- Como assim?
- Bem, faz três dias que nós estamos acampados aqui desde o acidente de trem.
- Sim, e?
- E existem pessoas de diferentes nacionalidades aqui. Porém, todos nós falamos o mesmo idioma. E não houve nenhuma discussão para definir qual lingua deveria ser falada aqui. O que aconteceu é que todos começaram a falar o mesmo idioma naturalmente.
- É mesmo. Que curioso.
- E mais estranho ainda, e muito curioso, é que a lingua que todos estamos falando não é inglês.
- É mesmo. Nossa, por que será que isto aconteceu?
- Me diga você, por que você acabou por escolher este idioma?
- Como assim por quê? É a minha lingua materna!
- É mesmo? Nem parece.
- Como não parece?
- É que eu pensei que você era Canadense.
- Como assim? Eu sou.
- E em que parte do Canadá falam francês?
- Frânces? Hahaha. Estou falando espanhol.
- Como espanhol? Isso é francês. Perdeu a cabeça?
- Francês? Quem deve ter perdido a cabeça é você.
Ficaram um minuto sem entender.
- Me diga uma palavra em espanhol.
- (Dizendo bem lentamente) Ne...e...ve. Neve.
- Francês.
- E desde quando neve é uma palavra do francês?
- Desde sempre!
- Não entendo.
- Muito menos eu. Estou ouvindo o bom e claro francês sair da sua boca.
- Eu juro por tudo que estou falando espanhol. Estou falando espanhol. Acredite em mim homem!
- Mas como eu posso acreditar em você, se até o seu pedido de crença na sua palavra é pronunciada em francês?
Uma outra pessoa interrompe a conversa:
- Calem a boca os dois! Vocês estão falando português!
- Sabe que coisa engraçada eu pensei agora?
- O quê?
- Como nós, em nenhum instante, tivemos algum desentendimento.
- Como assim?
- Bem, faz três dias que nós estamos acampados aqui desde o acidente de trem.
- Sim, e?
- E existem pessoas de diferentes nacionalidades aqui. Porém, todos nós falamos o mesmo idioma. E não houve nenhuma discussão para definir qual lingua deveria ser falada aqui. O que aconteceu é que todos começaram a falar o mesmo idioma naturalmente.
- É mesmo. Que curioso.
- E mais estranho ainda, e muito curioso, é que a lingua que todos estamos falando não é inglês.
- É mesmo. Nossa, por que será que isto aconteceu?
- Me diga você, por que você acabou por escolher este idioma?
- Como assim por quê? É a minha lingua materna!
- É mesmo? Nem parece.
- Como não parece?
- É que eu pensei que você era Canadense.
- Como assim? Eu sou.
- E em que parte do Canadá falam francês?
- Frânces? Hahaha. Estou falando espanhol.
- Como espanhol? Isso é francês. Perdeu a cabeça?
- Francês? Quem deve ter perdido a cabeça é você.
Ficaram um minuto sem entender.
- Me diga uma palavra em espanhol.
- (Dizendo bem lentamente) Ne...e...ve. Neve.
- Francês.
- E desde quando neve é uma palavra do francês?
- Desde sempre!
- Não entendo.
- Muito menos eu. Estou ouvindo o bom e claro francês sair da sua boca.
- Eu juro por tudo que estou falando espanhol. Estou falando espanhol. Acredite em mim homem!
- Mas como eu posso acreditar em você, se até o seu pedido de crença na sua palavra é pronunciada em francês?
Uma outra pessoa interrompe a conversa:
- Calem a boca os dois! Vocês estão falando português!
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Parte Seis: Alguém no mundo
- Está satisfeito Rilke?
- Não sei.
- Não tem nada a dizer?
- Juro que queria ter alguma coisa para dizer, mas não tenho.
- Continue.
- Tanto que quando falo alguma coisa, é com a voz baixa e sem nenhuma confiança, pois o que eu disse foi apenas para dizer alguma coisa.
(breve silêncio)
- O que aconteceu com você?
- Nada.
- Eu sei que os teus nadas na verdade são tudo.
- Fico feliz que saiba.
- Foi o princípe, não foi? Ele fez aquilo que nós esperavamos que ele fizesse, não foi?
- Não, ele fez bem menos do que eu imaginei que faria, mas ainda é o bastante para mim.
(breve silêncio)
- Por que você está chorando?
- Para não me arrepender depois.
(silêncio)
- Sabe Raymond, hoje eu afoguei o meu coração mesmo quando ele precisava urgentemente respirar. Agora ele está sem fôlego.
- Não sei.
- Não tem nada a dizer?
- Juro que queria ter alguma coisa para dizer, mas não tenho.
- Continue.
- Tanto que quando falo alguma coisa, é com a voz baixa e sem nenhuma confiança, pois o que eu disse foi apenas para dizer alguma coisa.
(breve silêncio)
- O que aconteceu com você?
- Nada.
- Eu sei que os teus nadas na verdade são tudo.
- Fico feliz que saiba.
- Foi o princípe, não foi? Ele fez aquilo que nós esperavamos que ele fizesse, não foi?
- Não, ele fez bem menos do que eu imaginei que faria, mas ainda é o bastante para mim.
(breve silêncio)
- Por que você está chorando?
- Para não me arrepender depois.
(silêncio)
- Sabe Raymond, hoje eu afoguei o meu coração mesmo quando ele precisava urgentemente respirar. Agora ele está sem fôlego.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Parte Cinco: As cordas de um violão ou "porque eu sei que vou morrer"
E assim Decerto ficou vagando no mar, quase sem rumo. E o seu bravo capitão perdido enquanto olhava para as nuvens com a bussula do lado, mas sem nela prestar atenção. Quem visse de longe não poderia imaginar que o pirata estava navegando na verdade. Decerto rumava para o Bosque, onde Rilke se encontraria com o Bardo.
Bardos são pessoas encarregadas de transmitir histórias, lendas e poemas de forma oral, cantando e tocando instrumentos. Eram mais do que músicos simplesmente, mas ainde eram músicos, e provavelmente ele havia de saber afinar um violão. Isso porque Rilke tinha um violão, mas não sabia afiná-lo. Mal sabia como tocar nele - apenas algumas músicas, algumas expetaculares, mas todas simples de se tocar. Isso porque ele gostava de tocar, mas seu talento mesmo eram os sabres e o leme da Decerto.
Mas tal encontro não era só a afinação das cordas, mas também tentação. Será? Não havia nada muito explícito, mas havia algo no ar. E o capitão estava precisando desses prazeres ultimamente... e o veneno? Veneno aquele que não mataria, mas traria uma perda e uma mancha apenas. Direi o porquê.
Aquele Bardo já havia feito parte da corte de um princípe de um reino vizinho ao reino em que o Capitão havia se embrenhado. O próprio conhecia o outro princípe e tinha uma estima por ele. Mas acontece que Bardos são seres errantes, está em seu sangue. Eles não se fixam direito e nem se prendem a um reino, almejando o "para sempre".
Rilke estava indefeso. Não havia levado nenhum dos seus sabres. Apenas o violão desafinado, que logo foi afinado pelo Bardo, ainda que com alguma demora. E aconteceu que os dois conversaram um pouco e Rilke não deu espaço para a tentação do veneno. Eu digo tentação porque os verdadeiros venenos não são ruins de gosto, mas muito, muito saborosos.
Naquela noite ele estava à mercê daquele Bardo. O capitão desejava o veneno. Mas desejos são desejos, e os fortes lutam contra os desejos que julgam desnecessários ou prejudiciais. Além disso, havia alguma outra coisa...
Todo dia o capitão tentava colocar na cabeça que ele era mortal. Ele dizia para si mesmo "Hoje eu posso morrer na hora em que menos esperar". E se você acha que isso o fazia viver pior, na verdade ele tinha mais forças para viver por causa disso. E principalmente, ele tirava daí forças para viver melhor.
(pois imaginava que se fosse morrer naquele instante em que não esperava, queria morrer sem que a ultima coisa que tivesse feito fosse magoar alguém, por mais que fosse alguém de um reino distante, que havia se mostrado um pouco apático as suas cartas)
Aquela noite foi mais um vitória. Porém, o capitão ficou com algo lhe inquietando. Pretendia se perder para depois se encontrar, mas... e se ele morresse antes de se encontrar?
Bardos são pessoas encarregadas de transmitir histórias, lendas e poemas de forma oral, cantando e tocando instrumentos. Eram mais do que músicos simplesmente, mas ainde eram músicos, e provavelmente ele havia de saber afinar um violão. Isso porque Rilke tinha um violão, mas não sabia afiná-lo. Mal sabia como tocar nele - apenas algumas músicas, algumas expetaculares, mas todas simples de se tocar. Isso porque ele gostava de tocar, mas seu talento mesmo eram os sabres e o leme da Decerto.
Mas tal encontro não era só a afinação das cordas, mas também tentação. Será? Não havia nada muito explícito, mas havia algo no ar. E o capitão estava precisando desses prazeres ultimamente... e o veneno? Veneno aquele que não mataria, mas traria uma perda e uma mancha apenas. Direi o porquê.
Aquele Bardo já havia feito parte da corte de um princípe de um reino vizinho ao reino em que o Capitão havia se embrenhado. O próprio conhecia o outro princípe e tinha uma estima por ele. Mas acontece que Bardos são seres errantes, está em seu sangue. Eles não se fixam direito e nem se prendem a um reino, almejando o "para sempre".
Rilke estava indefeso. Não havia levado nenhum dos seus sabres. Apenas o violão desafinado, que logo foi afinado pelo Bardo, ainda que com alguma demora. E aconteceu que os dois conversaram um pouco e Rilke não deu espaço para a tentação do veneno. Eu digo tentação porque os verdadeiros venenos não são ruins de gosto, mas muito, muito saborosos.
Naquela noite ele estava à mercê daquele Bardo. O capitão desejava o veneno. Mas desejos são desejos, e os fortes lutam contra os desejos que julgam desnecessários ou prejudiciais. Além disso, havia alguma outra coisa...
Todo dia o capitão tentava colocar na cabeça que ele era mortal. Ele dizia para si mesmo "Hoje eu posso morrer na hora em que menos esperar". E se você acha que isso o fazia viver pior, na verdade ele tinha mais forças para viver por causa disso. E principalmente, ele tirava daí forças para viver melhor.
(pois imaginava que se fosse morrer naquele instante em que não esperava, queria morrer sem que a ultima coisa que tivesse feito fosse magoar alguém, por mais que fosse alguém de um reino distante, que havia se mostrado um pouco apático as suas cartas)
Aquela noite foi mais um vitória. Porém, o capitão ficou com algo lhe inquietando. Pretendia se perder para depois se encontrar, mas... e se ele morresse antes de se encontrar?
domingo, 20 de julho de 2008
Parte Quatro: Dragão Marinho
A vela não chegou a ser aberta, de forma que Decerto parou no mar, esperando pelo seu Destino. Espera era uma palavra importante para o Capitão Rilke, pois ela significava mais do que esperar.
Ele havia se comunidado com o membro da familia real, e dessa comunicação virtual ficou sabendo que não seria possível ser recebido. Teve, por um instante, vontade abrupta de invadir o castelo, ir mesmo sem ser chamado. Estava no seu sangue de pirata. Porém, decidiu mesmo que era bom parar e esperar. Espera.
Teve vontade de ir até a Ilha do Dragão Marinho, nomeada assim por causa de um político que se auto-entitulava Dragão marinho. Mas na verdade as pessoas não sabiam que era por causa de um político. Ninguém se importava direito. O importante eram os prazeres que o lugar oferecia - e Rilke estava precisando de uns prazeres ultimamente. Tinha decidido que iria se perder - só por um tempo, no vasto oceâno e que depois iria se encontrar.
Mas Dragões Marinhos existem de verdade. Rilke os enfrentava, algumas vezes sem armas ou sem saber o que fazer. Ainda assim, era teimoso em enfrentá-los e sempre saia vivo dessas batalhas. Porém...
Havia um Dragão Marinho que Rilke enfrentava ainda. O pior e mais cruel de todos. Dizem que ele sempre irá existir enquanto houverem corações humanos batendo forte e pulsando. E esse Dragão Marinho era um dos mais cruéis e mais dificeis de se enfrentar.
E Rilke estava sendo perseguido por esse Dragão marinho. Na verdade, já o havia derrotado uma vez, mas não foi suficiente para o Dragão Marinho. Por algum motivo ele ainda estava atrás do capitão Rilke, ainda estava atrás da Decerto. Talvez, muito talvez, seja por causa de uma escolha que Rilke fez na vida. Por isso, seu coração era por demais precioso. Talvez.
Escolhas. Eis porque o combate era árduo. Porque a grande vida é guiada pelos poderes dos nossos desejos e das nossas vontades. O medo é um grande desejo enquanto a coragem é uma grande vontade. O medo que nos impede de olhar nos olhos de um besta dos mares poderia ser abatido pela esperança. Seus olhos eram vermelhos. E era necessário olhar diretamente nos seus olhos para derrotá-lo. Aqueles que conseguem olhar nos seus olhos saem do combate mais fortes, mas os que não conseguem se perdem por toda a vida. Continuam a viver mortos. Eis porque era perigoso: matava sem tirar a vida.
O nome do Dragão Marinho era Luto.
Ele havia se comunidado com o membro da familia real, e dessa comunicação virtual ficou sabendo que não seria possível ser recebido. Teve, por um instante, vontade abrupta de invadir o castelo, ir mesmo sem ser chamado. Estava no seu sangue de pirata. Porém, decidiu mesmo que era bom parar e esperar. Espera.
Teve vontade de ir até a Ilha do Dragão Marinho, nomeada assim por causa de um político que se auto-entitulava Dragão marinho. Mas na verdade as pessoas não sabiam que era por causa de um político. Ninguém se importava direito. O importante eram os prazeres que o lugar oferecia - e Rilke estava precisando de uns prazeres ultimamente. Tinha decidido que iria se perder - só por um tempo, no vasto oceâno e que depois iria se encontrar.
Mas Dragões Marinhos existem de verdade. Rilke os enfrentava, algumas vezes sem armas ou sem saber o que fazer. Ainda assim, era teimoso em enfrentá-los e sempre saia vivo dessas batalhas. Porém...
Havia um Dragão Marinho que Rilke enfrentava ainda. O pior e mais cruel de todos. Dizem que ele sempre irá existir enquanto houverem corações humanos batendo forte e pulsando. E esse Dragão Marinho era um dos mais cruéis e mais dificeis de se enfrentar.
E Rilke estava sendo perseguido por esse Dragão marinho. Na verdade, já o havia derrotado uma vez, mas não foi suficiente para o Dragão Marinho. Por algum motivo ele ainda estava atrás do capitão Rilke, ainda estava atrás da Decerto. Talvez, muito talvez, seja por causa de uma escolha que Rilke fez na vida. Por isso, seu coração era por demais precioso. Talvez.
Escolhas. Eis porque o combate era árduo. Porque a grande vida é guiada pelos poderes dos nossos desejos e das nossas vontades. O medo é um grande desejo enquanto a coragem é uma grande vontade. O medo que nos impede de olhar nos olhos de um besta dos mares poderia ser abatido pela esperança. Seus olhos eram vermelhos. E era necessário olhar diretamente nos seus olhos para derrotá-lo. Aqueles que conseguem olhar nos seus olhos saem do combate mais fortes, mas os que não conseguem se perdem por toda a vida. Continuam a viver mortos. Eis porque era perigoso: matava sem tirar a vida.
O nome do Dragão Marinho era Luto.
sábado, 19 de julho de 2008
História Paralela: Sonho
De quinta para sexta eu sonhei. Pode parecer pouco, mas não é. Eu nunca sonho, nunca mesmo. Quando acordo, a ultima coisa que me lembro foi do momento antes de dormir (às vezes nem isso) e só. Entre este espaço fica um vazio.
Quando isso não acontece - ou seja, quando eu acordo e lembro que sonhei - as primeiras palavras que me vêem a mente são "What the Fuck!!!". Isso porque os meus sonhos beiram totalmente o surrealismo. Chegam ao No Sense! Por isso, os que já me conhecem, quando me escutam dizer 'Hoje eu sonhei' dizem logo Vixeee.
Vou contar: eu era um personagem de video-game. Era um jogo de tiro em primeira pessoa, onde eu (o personagem) estava dentro de um castelo com uma metralhadora e tinha uma pequena dificuldade em mirar na cabeça dos inimigos. E isso aconteceu naturalmente até que ELES apareceram.
"Eu" subi as escadas e me deparei com um grupo. Haviam, acho eu que umas cinco pessoas. Elas se auto-entitulavam como sendo os mais fortes e dificeis do jogo. Eu decarreguei a minha metralhadora neles, agora com uma pontaria impecável (pra você ver o que eu não faço sobre pressão) apenas para descobrir que eles eram imortais! E havia uma criança entre eles também. Uma menina.
Então, "Eu" fiz aquilo que era mais coerente na hora: comecei a correr pra caralho fugindo deles. Nessa hora a visão do jogo mudou para terceira pessoa e eu pude descobrir quem eu era: eu era o Will Smith! Embora, na verdade, mais parecesse o Jack Chan por causa das acrobacias que fazia e da forma como usava os objetos do cenário para despistar os perseguidores imortais que, inclusive, não usavam armas de fogo. Eles só lutavam no mano-a-mano (se eu fosse imortal, até eu ia só com os punhos!).
Depois de um tempo, consegui (engraçado usar o verbo na primeira pessoa, uma vez que eu era o Will Smith), eu consegui despitar todos eles menos uma mulher negra e MUITO bonita. pena que ela só queria me decaptar.
Então, no meio da correria eu encontrei um lugar seguro: uma sala de aula com uma professora velhinha e cheia de estudantes dentro. As paredes dessa sala de aula - menos a parede da Lousa - eram de vidro. Tentei bater na parede pedindo socorro e descobri que a parede era a prova de som. Peguei uma mesa e tentei bater na parede apenas para descobrir que era blindada. Acho que a professora percebeu e tentou me dar um carão, não lembro direito. Mas lembro que a mulher conseguiu me alcançar e, por mais que a entrada da sala de aula estivesse lá perto, seria impossível de eu conseguir entrar. Foi então que por obra do destino eu consegui descobrir o ponto fraco dela: ela era uma pessoa escorregável. Como assim? Pois bem, se houve alguma coisa perto dela e a fizesse escorregar, a chance dela escorregar naquilo era de 100%. Usei dessa vantagem e consegui entrar na sala de aula. Por algum motivo, eu estava 100% seguro lá dentro.
Depois disso anoiteceu e eu estava do lado de fora da academia (o castelo era na verdade uma academia) e eu estava dormindo. Foi então que surgiu o terrível Chefe Final e mais malvado do universo que era um... palhaço!
Ele me pegou e levou para atrás da academia e me amarrou em um poste cheio de luzes pisca-pisca. Foi então que ele percebeu o estranho cenário com um rio de chocolate e casa de biscoito. Então ele viu que alguém se aproximava, ficou com muito medo e se escondeu, me deixando alí. Meu Deus quem era? Eram os três lobinhos. O palhaço então percebeu que ele tinha saído sem querer do jogo e entrado na história dos Três lobinhos e o Porco Mau. E foi então que eu acordei e pensei comigo mesmo "What The Fuck!".
E foi isso que eu sonhei, sem pôr nada a mais.
Curiosamente, de ontem pra hoje eu também tive um sonho, tão louco quanto. Mas esse eu acho que vou deixar pra alguma outra oportunidade. Só pra comentar, esse meu outro sonho louco envolve Jogos Mortais, Ginástica Olímpica, Garota Interrompida e Querida Estiquei o Bêbe com uma referência ainda a um filme de terror chamado Reanimator, de zumbis. Né pouco não.
Quando isso não acontece - ou seja, quando eu acordo e lembro que sonhei - as primeiras palavras que me vêem a mente são "What the Fuck!!!". Isso porque os meus sonhos beiram totalmente o surrealismo. Chegam ao No Sense! Por isso, os que já me conhecem, quando me escutam dizer 'Hoje eu sonhei' dizem logo Vixeee.
Vou contar: eu era um personagem de video-game. Era um jogo de tiro em primeira pessoa, onde eu (o personagem) estava dentro de um castelo com uma metralhadora e tinha uma pequena dificuldade em mirar na cabeça dos inimigos. E isso aconteceu naturalmente até que ELES apareceram.
"Eu" subi as escadas e me deparei com um grupo. Haviam, acho eu que umas cinco pessoas. Elas se auto-entitulavam como sendo os mais fortes e dificeis do jogo. Eu decarreguei a minha metralhadora neles, agora com uma pontaria impecável (pra você ver o que eu não faço sobre pressão) apenas para descobrir que eles eram imortais! E havia uma criança entre eles também. Uma menina.
Então, "Eu" fiz aquilo que era mais coerente na hora: comecei a correr pra caralho fugindo deles. Nessa hora a visão do jogo mudou para terceira pessoa e eu pude descobrir quem eu era: eu era o Will Smith! Embora, na verdade, mais parecesse o Jack Chan por causa das acrobacias que fazia e da forma como usava os objetos do cenário para despistar os perseguidores imortais que, inclusive, não usavam armas de fogo. Eles só lutavam no mano-a-mano (se eu fosse imortal, até eu ia só com os punhos!).
Depois de um tempo, consegui (engraçado usar o verbo na primeira pessoa, uma vez que eu era o Will Smith), eu consegui despitar todos eles menos uma mulher negra e MUITO bonita. pena que ela só queria me decaptar.
Então, no meio da correria eu encontrei um lugar seguro: uma sala de aula com uma professora velhinha e cheia de estudantes dentro. As paredes dessa sala de aula - menos a parede da Lousa - eram de vidro. Tentei bater na parede pedindo socorro e descobri que a parede era a prova de som. Peguei uma mesa e tentei bater na parede apenas para descobrir que era blindada. Acho que a professora percebeu e tentou me dar um carão, não lembro direito. Mas lembro que a mulher conseguiu me alcançar e, por mais que a entrada da sala de aula estivesse lá perto, seria impossível de eu conseguir entrar. Foi então que por obra do destino eu consegui descobrir o ponto fraco dela: ela era uma pessoa escorregável. Como assim? Pois bem, se houve alguma coisa perto dela e a fizesse escorregar, a chance dela escorregar naquilo era de 100%. Usei dessa vantagem e consegui entrar na sala de aula. Por algum motivo, eu estava 100% seguro lá dentro.
Depois disso anoiteceu e eu estava do lado de fora da academia (o castelo era na verdade uma academia) e eu estava dormindo. Foi então que surgiu o terrível Chefe Final e mais malvado do universo que era um... palhaço!
Ele me pegou e levou para atrás da academia e me amarrou em um poste cheio de luzes pisca-pisca. Foi então que ele percebeu o estranho cenário com um rio de chocolate e casa de biscoito. Então ele viu que alguém se aproximava, ficou com muito medo e se escondeu, me deixando alí. Meu Deus quem era? Eram os três lobinhos. O palhaço então percebeu que ele tinha saído sem querer do jogo e entrado na história dos Três lobinhos e o Porco Mau. E foi então que eu acordei e pensei comigo mesmo "What The Fuck!".
E foi isso que eu sonhei, sem pôr nada a mais.
Curiosamente, de ontem pra hoje eu também tive um sonho, tão louco quanto. Mas esse eu acho que vou deixar pra alguma outra oportunidade. Só pra comentar, esse meu outro sonho louco envolve Jogos Mortais, Ginástica Olímpica, Garota Interrompida e Querida Estiquei o Bêbe com uma referência ainda a um filme de terror chamado Reanimator, de zumbis. Né pouco não.
Parte Três: Sangue inocente derramado
Ele sacou a sua arma. O que se passava dentro de si era um mistério até para si mesmo. Sabia apenas que não estava, de forma alguma, triste; da mesma forma que não estava alegre. O que ele havia encontrado ao subir a montanha foi nada mais do que - para ele - um covarde.
Covarde porquê? Havia dado essa denominação mas não encontrava um argumento convicente. Disse por instinto, porém, de forma alguma achava que dissera por equívoco. O que ele disse foi uma grande verdade. Talvez maior covardia no mundo seja essa de ignorar o que os outros dizem. Não que as pessoas tenham que sempre ouvir e acatar o que as outras falam. Ouvir sim, sempre que possível. Acatar... era uma outra história.
O seu orgulho de pirata o atacava. Porque aquilo que ele dizia era ignorado. Não completamente, mas só encontrava respostas, por assim dizer, aquilo que ele dizia e que era conveniente. O que não era conveniente, era descartado como se não tivesse sido dito. E ele encontrou então, talvez, a resposta para os seus instintos. Sim, o homem que fora ver era um covarde.
Rilke sacou a sua arma. Parou por um instante e então disparou. Matou três gaviões, assim, só por matar. (Dizem as histórias que ele matou esse gaviões com apenas uma bala).
E dalí do alto da montanha ele viu o mar. Uma vista deslumbrante e fenomenal. Era possível ver o mar até o ponto em que ele e o céu se tocavam. Era possível ver a sua imensidão, era possível ver como ele subia e descia. Era uma linda vista. Porém, era apenas uma vista. O capitão Rilke se lembrou do que era - embora nunca tenha se esquecido. Ele vivia no mar. Ele o percorria, o enfrentava, vivia nele e com ele, ao invés de apenas o observar.
Então ele se voltou para o lado onde os residentes da montanha estavam. E era apenas uma vista. A montanha era cheia de obstáculos e de barreiras. Diferente, muito diferente do mar, a imensidão sem barreiras. Ele observou os que viviam na montanha. Não soube se seria errado sentir pena deles. Resolveu que apenas iria descer a montanha e voltar para Decerto.
Mas agora ele tinha algo diferente a fazer. E olhou para a vela fechada. E pensou em fazer uma visita. Teve um pequeno receio - ninguém notou - e abriu a vela que o conduzia até o castelo, não importava que ventos fizessem.
Ele iria se encontrar novamente com ele. O princípe.
Covarde porquê? Havia dado essa denominação mas não encontrava um argumento convicente. Disse por instinto, porém, de forma alguma achava que dissera por equívoco. O que ele disse foi uma grande verdade. Talvez maior covardia no mundo seja essa de ignorar o que os outros dizem. Não que as pessoas tenham que sempre ouvir e acatar o que as outras falam. Ouvir sim, sempre que possível. Acatar... era uma outra história.
O seu orgulho de pirata o atacava. Porque aquilo que ele dizia era ignorado. Não completamente, mas só encontrava respostas, por assim dizer, aquilo que ele dizia e que era conveniente. O que não era conveniente, era descartado como se não tivesse sido dito. E ele encontrou então, talvez, a resposta para os seus instintos. Sim, o homem que fora ver era um covarde.
Rilke sacou a sua arma. Parou por um instante e então disparou. Matou três gaviões, assim, só por matar. (Dizem as histórias que ele matou esse gaviões com apenas uma bala).
E dalí do alto da montanha ele viu o mar. Uma vista deslumbrante e fenomenal. Era possível ver o mar até o ponto em que ele e o céu se tocavam. Era possível ver a sua imensidão, era possível ver como ele subia e descia. Era uma linda vista. Porém, era apenas uma vista. O capitão Rilke se lembrou do que era - embora nunca tenha se esquecido. Ele vivia no mar. Ele o percorria, o enfrentava, vivia nele e com ele, ao invés de apenas o observar.
Então ele se voltou para o lado onde os residentes da montanha estavam. E era apenas uma vista. A montanha era cheia de obstáculos e de barreiras. Diferente, muito diferente do mar, a imensidão sem barreiras. Ele observou os que viviam na montanha. Não soube se seria errado sentir pena deles. Resolveu que apenas iria descer a montanha e voltar para Decerto.
Mas agora ele tinha algo diferente a fazer. E olhou para a vela fechada. E pensou em fazer uma visita. Teve um pequeno receio - ninguém notou - e abriu a vela que o conduzia até o castelo, não importava que ventos fizessem.
Ele iria se encontrar novamente com ele. O princípe.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Parte Dois: Rilke
Aquele homem tinha um medo de fato: sua inimiga, a Alteridade.
Essa tal lhe atormentava desde que ele tomou consciência da sua existência - o fato é que os outros são os outros, e ele é ele. Você é você e eu sou eu. E havia uma infinita distânicia entre os dois. A distância dos heterogêneos. E ele nunca poderia saber de fato o que as outras pessoas pensam. Nunca realmente. Mas, se a Alteridade era o seu medo, a confiança era a sua coragem. E esse homem optava o caminho dificil, o da confiança.
Rilke usava um tapa-olho. Mas não para esconder um olho de vidro ou uma orbita vazia; o usava apenas porque era um pirata e lhe cabia usar um tapa-olho. O olho escolhido para ser coberto, também variava. Ora era o direito e ora era o esquerdo. E além de tapa-olho, esse pirata também possuia suas armas: seus sabres. E com esses sabres ele era capaz de travar as suas batalhas. Ele carregava vários consigo, e não se separava deles por pouca coisa. E mesmo quando os deixava de lado, ele ainda estava de alguma forma ligado a eles, ao passo que ninguém lhe poderia roubar os sabres e nunca iria ficar sem um à mão caso precisasse.
Neste momento o pirata estava para se decidir se subiria uma montanha rodeada de gaviões. Para quê? Só por hoje, queria estar lá. Quanto a amanhã e depois e depois ele não se importa de ter alguma opinião formada agora, alguma meta. E ele de forma alguma abandonaria Decerto. O mar era a sua vida, mas a Terra também lhe era estimada. E belo para ele era o encontro de dois mundos: aquele ponte onde o oceano e o continente se casaram, e nunca iriam se separar. Por isso, por hoje, ele queria subir a montanha e não correr o mar.
Muito longe, além de um oceano, existe um castelo. Um dia esse pirata se envolveu com um membro da familia real. Desse encontro morreu o antigo Rilke e nasceu um novo, que agora, mesmo distante milhas e milhas, ainda colhia os frutos da sua coragem. Por isso ele era uma pessoa drástica(?). Por isso ele queria a montanha - o grande oposto do mar - e mesmo que seus pés pesassem uma tonelada ele ainda iria escalá-la. Para quê? Tinha fome de vida. E tomava para si uma frase de outrem que o marcou: Prefiro viver a ser feliz. - não que felicidade não fizesse parte da vida, mas não era egoísta e não lhe recusava da vida os presentes, mesmo os tristes, apenos por algum pendimento. A vida é sevalgem. É espontânea. E ele era um pirata.
O seu destino é totalmente incerto. Não sei que rumo esse capitão tomará. Somos - os dois - um pouco inresponsáveis. Mas o que fazer? Somos pessoas sevalgens.
Que mais falta dizer sobre o pirata antes de ele começar sua luta contra a montanha? Lembrei de algo importante: Lembrei que ele não é um adulto, e nem ao menos uma criança. Ele prefere fazer pior, bem pior: é jovem.
Essa tal lhe atormentava desde que ele tomou consciência da sua existência - o fato é que os outros são os outros, e ele é ele. Você é você e eu sou eu. E havia uma infinita distânicia entre os dois. A distância dos heterogêneos. E ele nunca poderia saber de fato o que as outras pessoas pensam. Nunca realmente. Mas, se a Alteridade era o seu medo, a confiança era a sua coragem. E esse homem optava o caminho dificil, o da confiança.
Rilke usava um tapa-olho. Mas não para esconder um olho de vidro ou uma orbita vazia; o usava apenas porque era um pirata e lhe cabia usar um tapa-olho. O olho escolhido para ser coberto, também variava. Ora era o direito e ora era o esquerdo. E além de tapa-olho, esse pirata também possuia suas armas: seus sabres. E com esses sabres ele era capaz de travar as suas batalhas. Ele carregava vários consigo, e não se separava deles por pouca coisa. E mesmo quando os deixava de lado, ele ainda estava de alguma forma ligado a eles, ao passo que ninguém lhe poderia roubar os sabres e nunca iria ficar sem um à mão caso precisasse.
Neste momento o pirata estava para se decidir se subiria uma montanha rodeada de gaviões. Para quê? Só por hoje, queria estar lá. Quanto a amanhã e depois e depois ele não se importa de ter alguma opinião formada agora, alguma meta. E ele de forma alguma abandonaria Decerto. O mar era a sua vida, mas a Terra também lhe era estimada. E belo para ele era o encontro de dois mundos: aquele ponte onde o oceano e o continente se casaram, e nunca iriam se separar. Por isso, por hoje, ele queria subir a montanha e não correr o mar.
Muito longe, além de um oceano, existe um castelo. Um dia esse pirata se envolveu com um membro da familia real. Desse encontro morreu o antigo Rilke e nasceu um novo, que agora, mesmo distante milhas e milhas, ainda colhia os frutos da sua coragem. Por isso ele era uma pessoa drástica(?). Por isso ele queria a montanha - o grande oposto do mar - e mesmo que seus pés pesassem uma tonelada ele ainda iria escalá-la. Para quê? Tinha fome de vida. E tomava para si uma frase de outrem que o marcou: Prefiro viver a ser feliz. - não que felicidade não fizesse parte da vida, mas não era egoísta e não lhe recusava da vida os presentes, mesmo os tristes, apenos por algum pendimento. A vida é sevalgem. É espontânea. E ele era um pirata.
O seu destino é totalmente incerto. Não sei que rumo esse capitão tomará. Somos - os dois - um pouco inresponsáveis. Mas o que fazer? Somos pessoas sevalgens.
Que mais falta dizer sobre o pirata antes de ele começar sua luta contra a montanha? Lembrei de algo importante: Lembrei que ele não é um adulto, e nem ao menos uma criança. Ele prefere fazer pior, bem pior: é jovem.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Parte Um: Medo
Ele não estava conseguindo aprender por meio dos ouvidos, por isso, resolveu que aprenderia por meio dos olhos.
Chegando até o cais ele ancorou seu navio - Decerto - e saiu em direção ao campo de batalha. Lá ele conseguiria aprender. Lá estava tudo o que ele precisava ver. Como sabia? Ora, não havia aprendido por meio dos ouvidos, agia como se não tivesse aprendido - verdade - e portanto sabia do campo de batalha e da grande luta que o esperava.
Então ele começou a caminhar em direção ao lugar. O que a principio era apenas mais uma caminhada entre tantas caminhadas e tantas passadas já vividas pelo capitão, aos poucos foi se transformando. A princípio ele se perdia em tolos pensamentos, bobos, imbecis, superflúos e sem importância. Pensamentos apenas. Pensamentos apenas que em dois dias se perderiam na imensidão de uma memória. Mas ele caminhava porque aquilo que vivera era demais para se perder na imensidão da memória. Aquilo estava no centro do seu reino secreto e particular. Por isso caminhava. E então, aconteceu uma coisa. Explosão: seu corpo percebeu para onde estava rumando, e o que iria fazer.
E sua caminhada começou a se transformar. Aos poucos seu peito foi ficando um pouco apertado, e os seus pés ficaram um pouco pesados. E cada vez que ele se aproximava do campo de batalha - seu destino, sim! seu destino - seus pés iam ficando mais pesados e seu peito mais apertado. Passo após passo. Passada após passada. Segundo por segundo. Pensamento por pensamento. Porém, apesar de tudo, ele não parava de andar. Seus passos não diminuiam, cada passada, por mais dificil que fosse, era encarada. Mesmo que o peso dos seus pés aumentasse, o capitão da Decerto aumentava também a força empregada.
Por um momento sentiu aquela sensação estranha. Acho que cada um tem uma forma diferente de descrevê-la. Ele, por sua vez, a descrevia como se fosse capaz de sentir os ossos separadamente do resto do corpo. Seus passos também eram dor. Mas ele não parava de andar. Sentia como se os ossos machucassem os seus músculos dos pés. Era como se sentisse a pressão dos ossos do pé contra o próprio corpo, de forma que aquele andar era uma batalha. E quem o visse passar, achava que estava apenas caminhando.
Ao ver o campo de batalha com os próprios olhos, seus pés pesaram, o peito o sufocou. Mas ele era teimoso. E subiu cada degrau com esforço. Estava lutando. A vida de um pirata era isso mesmo: Luta. Luta contra o mundo opressor e contra as próprias fraquesas, de forma que elas não o sub-julgassem. Ele sabia que não era um adulto, não, não era. Talvez nem quisesse ser. Não precisava de nenhum título fora o seu próprio. Chegou em frente ao campo de batalha onde travaria a sua luta e disse para si: Você é jovem.
E o nome do capitão era Rilke.
Chegando até o cais ele ancorou seu navio - Decerto - e saiu em direção ao campo de batalha. Lá ele conseguiria aprender. Lá estava tudo o que ele precisava ver. Como sabia? Ora, não havia aprendido por meio dos ouvidos, agia como se não tivesse aprendido - verdade - e portanto sabia do campo de batalha e da grande luta que o esperava.
Então ele começou a caminhar em direção ao lugar. O que a principio era apenas mais uma caminhada entre tantas caminhadas e tantas passadas já vividas pelo capitão, aos poucos foi se transformando. A princípio ele se perdia em tolos pensamentos, bobos, imbecis, superflúos e sem importância. Pensamentos apenas. Pensamentos apenas que em dois dias se perderiam na imensidão de uma memória. Mas ele caminhava porque aquilo que vivera era demais para se perder na imensidão da memória. Aquilo estava no centro do seu reino secreto e particular. Por isso caminhava. E então, aconteceu uma coisa. Explosão: seu corpo percebeu para onde estava rumando, e o que iria fazer.
E sua caminhada começou a se transformar. Aos poucos seu peito foi ficando um pouco apertado, e os seus pés ficaram um pouco pesados. E cada vez que ele se aproximava do campo de batalha - seu destino, sim! seu destino - seus pés iam ficando mais pesados e seu peito mais apertado. Passo após passo. Passada após passada. Segundo por segundo. Pensamento por pensamento. Porém, apesar de tudo, ele não parava de andar. Seus passos não diminuiam, cada passada, por mais dificil que fosse, era encarada. Mesmo que o peso dos seus pés aumentasse, o capitão da Decerto aumentava também a força empregada.
Por um momento sentiu aquela sensação estranha. Acho que cada um tem uma forma diferente de descrevê-la. Ele, por sua vez, a descrevia como se fosse capaz de sentir os ossos separadamente do resto do corpo. Seus passos também eram dor. Mas ele não parava de andar. Sentia como se os ossos machucassem os seus músculos dos pés. Era como se sentisse a pressão dos ossos do pé contra o próprio corpo, de forma que aquele andar era uma batalha. E quem o visse passar, achava que estava apenas caminhando.
Ao ver o campo de batalha com os próprios olhos, seus pés pesaram, o peito o sufocou. Mas ele era teimoso. E subiu cada degrau com esforço. Estava lutando. A vida de um pirata era isso mesmo: Luta. Luta contra o mundo opressor e contra as próprias fraquesas, de forma que elas não o sub-julgassem. Ele sabia que não era um adulto, não, não era. Talvez nem quisesse ser. Não precisava de nenhum título fora o seu próprio. Chegou em frente ao campo de batalha onde travaria a sua luta e disse para si: Você é jovem.
E o nome do capitão era Rilke.
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