- Então Rilke, o que tens a dizer?
- Estão tão assim ultimamente. Acho que estou antecipando a minha preguiça.
- Preguiça de quê?
- Meu próximo desafio é a Montanha. Subir e descer é a minha meta.
- E já passou a floresta?
- Sim.
- E me diga uma coisa, como foi na Mansão? Encontrou o tal da foto?
- Foi horrível. Eu briguei com o Paulo Pirata porque ele pegou um outro caminho e não me avisou. Até onde eu sei, ele pode ir ou deixar de ir aonde quiser e fazer o que quiser, e não me deve satisfações. Mas quando isso me envolve, acho que gostaria de um pouco mais de er... moral. Entende?
- Entendo sim.
- Você não entende como é bom ter alguém que nos entende.
- Entendo sim.
- Mas o que mais me deixou com raiva foi ele tentando me obrigar a ser feliz. Um dia eu escrevo um manifesto contra a obrigatoriedade da felicidade. Só vou ser feliz quando estiver feliz. Tomei essa decisão. E você não sabe o quanto isso me fez bem.
- Um dia você vai me contar, não é?
- Vou sim. Com certeza.
- E o da foto? Fala homem!
- Foi horrível, já disse. Não sei quem ele é, nem o que pensa. Não houve como conversar direito. Sei que ele carregava uma espada.
- E eu fiquei sozinho à noite, perdido na Mansão. O capitão da Deo e o homem da foto saíram, foram dormir, e eu fiquei lá com medo dos assaltos que poderiam ocorrer do lado de fora. Preferi esperar o dia raiar. E para o quê? Não é que dentro da Mansão me encontrei com um assaltante que me roubou o juízo! Fui fraco.
- E os teus sabres?
- Eu só levei o quinto, por viar das dúvidas e para não estar indefeso. O outro eu escondi onde ninguém mais encontraria.
- E sobre a Floresta?
- Prefiro não comentar agora. Só sei que Decerto provavelmente está começando a ruir. Talvez ela esteja melhor do que eu.
- Como assim?
- Por que as pessoas mentem?
- Você mentiu para quem?
- As pessoas mentem para proteger o que elas amam? Quer dizer, então a verdade não basta para proteger o que verdadeiramente amamos?
- Você mentiu para quem?
- Para aquele quem eu prometi ser sincero.
- E como se sente?
- Com uma rachadura na proa.
- E por que mentiu?
- Porque sou fraco.
- Por que mentiu?
- Medo. Talvez a mentira seja um grande medo. Só os covardes mentem? Eu sou um pirata, mentir não devia ser problema.
- Aí depende do que é ser um pirata. Não concorda?
- Pensava em dizer exatamente isso. Só não disse porque você foi mais rápido.
- E o que você vai fazer agora?
- Torcer pra nem toda mentira ter perna curta. Coloquei a culpa na bebida, mas a culpa mesma foi minha. E para piorar eu não bebo.
- Você acha que ser fraco é ruim?
- Eu acho que eu devo pegar o que eu consegui na floresta e seguir em frente.
- Uma pergunta?
- Não. Perguntas eu não tenho nenhuma. Apenas as respostas, e ainda assim...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Eu comentei, após tempos, mas comentei.
:D
Postar um comentário